Engenho do Miminho
A
Fundação Municipal de Cultura de Bombinhas abriu o Espaço Cultural "Engenho do Miminho", no bairro José Amândio, no dia 10 de dezembro
de 2017, com a presença da comunidade, autoridades e familiares dos
irmãos Vieira, proprietários do engenho centenário. Além de uma
solenidade oficial de inauguração, os presentes celebraram o mais
novo espaço cultural bombinense com uma domingueira, que se estendeu
noite adentro.
O
engenho pertencia aos irmãos Vieira: Francisco
(Chico) Venceslau, Miminho, Carmelino Venceslau,
Águida
(Guinha) Margarida, Abílha (Bila) Margarida e Maria Margarida
(Bilica, Quica ou Quiquica), e foi doado à FMC, pelo sobrinho Rudi
Vieira em 2015. Foi
realocado para o final da rua Hiena, remontado e construída
estrutura em seu entorno para receber a comunidade. A
maior parte das madeiras que abrigam atualmente o engenho foram
mantidas, algumas precisaram ser trocadas, pois, o tempo corroeu, e o
mesmo processo aconteceu com telhas de calha, no entanto, a maioria
ainda são originais. As peças do engenho foram recuperadas,
todavia, faltam algumas engrenagens para que a Fundação possa
promover farinhadas.
A
fornalha foi reconstruída tal e qual, e foram mantidas as estruturas
de cobre que ali havia, da mesma forma o fogão a lenha foi
reerguido, ambos permitem o feito do delicioso beijú. Ainda, o forno
de coruja (rosca de massa) foi restaurado e está pronto para o
feitio das iguarias da mesa típica bombinense.
A
história do Engenho
Miminho,
Carmelino Venceslau Vieira, nasceu em 16 de dezembro de 1922, na
beira da praia de Bombinhas como os irmãos, era o quinto filho de
seu Venceslau Amâncio Vieira e dona Margarida da Conceição. Antes
dele tinha:
José
Venceslau (Zé Mogica) Vieira nascido em 1910, Águida (Guinha)
Margarida Vieira de 1913, Abílha (Bila) Margarida Vieira de 1917 e
Rodolfo (Pilém) Venceslau Vieira que nasceu em 1920. Mais jovens que
Miminho eram Francisco (Chico) Venceslau Vieira nascido em 1926,
Maria Margarida (Bilica, Quica ou Quiquica) da Conceição Vieira
nascida em 1928 e Maria Rosalina (Zinoca) Vieira que nasceu em 1934.
Contam
os mais velhos, que por sua vez ouviram de seus pais, que Miminho era
uma criança fraca e que sua mãe, dona Margaridinha, punha acriança
pra esquentar no forno de um engenho de farinha de mandioca, no caso,
de dona Chica, mãe de seu Zé Amândio.
Miminho
não apenas vingou como já adulto foi convocado e tornou-se
expedicionário da 2ª Gerra Mundial, juntamente aos amigos Nelo
Pinheiro e José Amândio da Silva Júnior. Chegaram até ao Rio de
Janeiro rumo as batalhas na Europa, no entanto, lá chegando a Grande
Guerra acabou e retornaram.
Durante
sua estada no destacamento em Itajaí para treinamento tornou-se um
visitante constante da prima Bernardina, filha de dona Maria
Francisca da Conceição, irmã de sua mãe. Em 1944 Bernardina
passou para seu nome as terras em frente onde hoje é a prefeitura,
pois não tinha herdeiros, e gostava muito do primo. Logo em seguida
faleceu.
As
terras ficaram ociosas até 1968, quando o irmão caçula, Chico,
invocou que queria comprar um engenho e o fez. A empreitada para
trazer este engenho à Bombinhas é épica e muito contada pelos
antigos, pois, o buscou junto aos amigos Zé Amândio e Nelo
Pinheiro, no carro de boi que ambos tinham em parceria. O engenho que
se localizava no Perequê foi comprado de seu Nico Santos, e era
herança de família, até onde seu Zé Amândio conhecia da
história, estava no tronco familiar desde o bisavô de Nico Santos.
A casa onde o engenho foi colocada era a mesma em que a família
Vieira vivia na beira da praia, trouxeram a madeira e reconstruíram.
Dois
anos depois Chico
faleceu, em 11 de outubro de 1970, aos 44 anos, vitimado pelo câncer.
E coube a Miminho cuidar do engenho, fazer sua manutenção e viver
nele junto as irmãs Bila, Bilica, Guinha e a mãe, pois Zé Mogica o
mais velho dos irmãos, sempre viveu apartado, Pilém casou-se, o
único que constituiu família, em 1950 (oficializado em 1952), e
Zinoca também nunca viveu com os irmãos no engenho, tinha sua casa
separada. Jamais se casaram ou tiveram filhos, mas as meninas
ajudaram o irmão Pilém a criar os filhos.
Foi
Miminho que construiu as colunas de tijolo à vista que ainda hoje
estão no engenho.
O
tempo passou e Miminho viu partir Zé Mogica em 1983, Pilém em 1985,
sua mãe em 1989, a Bila em 1994, a Guinha em 1995, e, por fim,
chegou a sua vez em 10 de novembro 2001.
Bilica
faleceu em 2011 e a última dos irmãos Vieira a falecer foi Zinoca
em 2014.
Texto,
pesquisa e fotos Marcinha – Márcia Cristina Ferreira
Jornalista
e escritora